quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Primavera, flores secas*

Numa noite qualquer, em um momento qualquer. Eles se encontraram.

Os olhares se cruzam, mas se afastava de medo, receio. Fazia muito tempo que não se encontravam não se viam. A vida de ambos tinha tomado um rumo diferente, mas naquele instante, milésimos de segundo, desejaram que tudo voltasse como antes.

As palavras ressoaram como desculpas e cheia de afetos, acompanhados com gestos ásperos e amargos. Os gestos, as maneiras continuavam singelos e completos de amor, mas o medo de dizem sim era intenso.

Foi assim que eles passaram os dias, cheios de amor oprimidos dentro de si. Com vontade de dizer palavras bonitas e de sorrir, com vontade de beijar-se, tocar-se.

Aquele estranho sentia que os dois eram feitos um para o outro, sentia a intensidade do olhar. Mas eles continuavam negando, assim como se nega ao diabo das coisas travessas que aprontam. Negavam de maneira descarada, negavam a vontade de se amarem.

Eles continuam. Afastados, oprimidos, mentindo para si mesmo a verdadeira vontade de serem somente eles.

Os dias estão se passando e continuam caminhando na direção escolhida. Ela lembra, sonha, deseja. Ele continua olhando-a da mesma forma carinhosa e afetuosa.

Eles?

Continuam sempre a mentir...


(*)Primavera, flores secas - Título cedido gentilmente por Bartô

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